sábado, 24 de setembro de 2016

Inconstância das coisas do mundo - Gregório de Matos



"Nasce o Sol e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas e alegria.
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz falta a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se a tristeza,
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza.
A firmeza somente na inconstância."


Análise:

Gregório de Matos, em seu poema esta comparando a ideia de luz e sol e contrapondo a ideia de escuridão e noite, quando há luz e há sol, há alegria, quando há escuridão e há noite, há tristeza. Na segunda estrofe ele faz uma série de perguntas tentando entender essas inconstâncias das coisas do mundo. “Como a beleza assim se transfigura?”, perguntas que não possuem respostas, Chegando na terceira estrofe Gregório, parece já estar conformado com a ideia das coisas serem inconstantes, e admite que a única coisa constante é a inconstância.

Ao Santíssimo Sacramento - José de Anchieta

Ao Santíssimo Sacramento
Oh que pão, oh que comida,
Oh que divino manjar
Se nos dá no santo altar
Cada dia.
Filho da Virgem Maria
Que Deus Padre cá mandou
E por nós na cruz passou
Crua morte.
E para que nos conforte
Se deixou no Sacramento
Para dar-nos com aumento
Sua graça.
[...]
Como podemos analisar, há uma preocupação por parte do José de Anchieta com a religiosidade propriamente dita, fazendo valer de forma significativa o sentimento, o espírito devoto de que ele dispunha, expressando-o em boa parte nas manifestações que criara.