"Nasce o Sol e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas e alegria.
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz falta a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se a tristeza,
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza.
A firmeza somente na inconstância."
Análise:
Gregório de Matos, em seu poema esta comparando a ideia de
luz e sol e contrapondo a ideia de escuridão e noite, quando há luz e há sol, há
alegria, quando há escuridão e há noite, há tristeza. Na segunda estrofe ele faz
uma série de perguntas tentando entender essas inconstâncias das coisas do
mundo. “Como a beleza assim se transfigura?”, perguntas que não possuem
respostas, Chegando na terceira estrofe Gregório, parece já estar conformado
com a ideia das coisas serem inconstantes, e admite que a única coisa constante
é a inconstância.